António de Macedo para Cinequanon . RTP, 1975
Uma das meninas nem sequer vinha à sala onde desfilavam as modelos com o candelabro de cristal por cima. Vestidos, vendiam-nos por 300 contos. Pagar, pagavem tostões. Estavam a fazer piquete, a jogar bingo, a fazer directas para lutar, estudar e trabalhar. Depois, para casa para tratar das coisas do irmão que vinha da tropa e precisava de quem tratasse da roupa e comer. Era a mulher mais velha da casa. Em auto-gestão, comem nas bancadas onde trabalham, repletas de panelinhas. Ponderam optar pelo pronto-a-vestir porque as clientes de alta costura desapareceram. Fecham portas.
O Caso Sogantal
Cinequipa, 1975, João Matos Silva (não creditado)
"Nós vimos o povo português crescer", foram as palavras do 'não-realizador' João Matos Silva no final da sessão da Cinemateca. Membros do 'Movimento Esquerda Socialista' (MES), os objectivos de auto-gestão destas super mulheres que, incompreendidas, sacrificaram família pela luta, foram pouco apoiados, mal vistos até pelo Partido Comunista, pelo PREC. "Era preciso um patrão para reclamar os direitos, diziam-nos", disse Matos Silva. Maria Antónia Palha evoca o neto que passa por lutas interior-ó.laborais semelhantes nos dias de hoje. Ela, entrevistadora neste documentário, ficou com uma data daqueles fatos de treino. A luta era uma festa séria, uma felicidade. Pelo menos até embaterem na parede do pouco prestável Capitão Costa Martins, Ministro do Trabalho.
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