07/01/2008



Olhando para trás apercebo-me que nutro um sentimento de amor/ódio pelos rebuçados peitorais do Dr. Bayard. Apesar da receita estar impressa nas “novas” embalagens ancestrais ainda são muitos os mitos e as lendas em relação aos seus ingredientes. A lendária combinação de alteia e mel é ainda às vezes confundida com anis e até com pasta de dentes do senhor castor. No fundo, e apesar da versão oficial da Fábrica de Rebuçados Baiar, ninguém sabe ao certo.
Esticar as orelhas àquele plástico branco sempre foi uma tradição da família Alvarenga. Curando a rouquidão, suavizando a dor de garganta, trazendo distracção a uma cartada que o primo está a jogar demasiado lentamente e, acima de tudo, eliminando a tosse como poucas mistelas de frasco conseguem. Existe todavia um lado lunar. Desde petiz que os ocasionais cortes transversais nas drageias Bayard me desfiam a língua aos bocados, um defeito de fabrico recorrente que já reclamou muitos órgãos do paladar. Por fim, cada vez que abro cada pacote de rebuçados Dr. Bayard anseio por um rebuçadinho que, por uma vez que seja, também tivesse as faces dos outros utilizadores das drageias dando a cara na frente da embalagem. Uma face que não seja o aborrecido indivíduo de meia idade com um cachecol e um penteado dos anos 40. Eu até gosto dos anos 40 mas acho que se devia dar uma oportunidade de brilhar ao senhor idoso careca e às meninas, todos eles também aflitos com tosse. Este protagonismo egocêntrico do indivíduo de meia idade é escusado e inexplicável. Vá lá, ponham a menina do laço e o velhinho Lex Luthor nem que seja em 10 dos 100 gramas de rebuçados de cada embalagem. Dr Bayard, imploro, devo-lhe tanto! Com um site destes, és capaz de tudo, que música....a sério, mesmo tocante e que história. Dr. Bayard para sempre!