28/02/2013

Hitchcock

Sacha Gervasi, 2012, com Anthony Hopkins

Põe deliciosamente a nú o frágil e maníaco Hitchcock na sua vida privada e dificuldades do processo creativo.  Easywatch.

Wreck-it Ralph

Rich Moore, 2012

A ideia é óptima mas não cumpriu com as expectativas do início.
Eu não conhecia o Ralph e faltou uma presença maior dos ícones do final dos anos 80 e início dos 90. A cena dos vilões anónimos é excelente.

Bestas do Sul Selvagem

Benh Zeitlin, 2012, com Quvenzhane Wallis

Ela é fofinha mas não me consigo deixar convencer que os javalis eram necessários. Aqueles instrumentos, jangadas, casas, camas, cozinhas e desarrumações são obras de arte.

Camadas de lã

Duas senhoras fortes e fofinhas com camadas de lã e, a mais nova, talvez a filha, de calças justas de ganga, aguardam sentadas. C217, balcão quatro. A mais velha abraça-se às suas muletas e a mais nova lê carinhosamente as pequenas folhas da revista Maria.

Ela mexe os lábios em silêncio, ao ritmo das palavras. Às vezes ela surpreende quem se senta ao seu lado com um ou outro som. C220, balcão quatro, uma multidão bate palmas na televisão silenciosa e suspensa. Com o burburinho das vozes e do esperar como ruído de fundo, a vizinha, surpreendida, torna-se amiga.

10/02/2013

Jogging hospitalar

Foi correr num dia de Inverno sem chuva. Com gorro, envelope, papel, moeda e cartão na mão. Da casa até ao hospital, passa-se no cemitério -  pausa-se num canto de pedras frias e pacíficas -  e os carros são poucos e as pessoas também. A enorme cascata pré-fabricada que leva até à entrada do centro hospitalar tem água parada bolorenta e o grande largo redondo coberto de pastilhas não tem água.

As pessoas entram e saem devagar. Paga-se nas urgências não no hall principal. Não são dois euros mas sim quatro euros porque foram duas radiografias. A maquineta multibanco do Millennium BCP dá erro. Duas radiografias custam quatro euros. "Boa tarde, obrigado e bom trabalho". Nem os olhos se levantam, nem a boca se move. Passa-se rápido pelos corpos preocupados e doentes e depois é correr e correr.

The Master

Paul Thomas Anderson - 2012, com Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman

Pris Audiovisuais, Zon Lusomundo Colombo

Hubbard parecia que ia estar lá, história e personagens de profundez incrível pareciam que iam estar lá. Depois acabaram por não estar.

Ficaram duas performances estrondosas que contribuiram para um caos sem rumo, um novelo amarfanhado, sem sentido. Talvez tenha sido por ter perdido os primeiros cinco minutos.



03/02/2013

Jim

Companhia Paulo Ribeiro, 2012 - São Luiz 1 Fevereiro 2013


Coreografia e direcção - Paulo Ribeiro
Interpretação - Anna Réti, Carla Ribeiro, Leonor Keil, Sandra Rosado, Avelino Chantre e Pedro Ramos

Jim Morrison regressa à vida mutado, alterado, completo e dividido em sete corpos. Extasiante e com devaneios devidos, com calma, em crescendo, deixa-nos a olhar para dentro de nós um pouco como Jim faria consigo, mergulhando com a mente naqueles corpos.

"O Jim Morrison era um solitário, completamente virado para si próprio, desafiava constantemente o limiar da lucidez. À boa maneira da década de 60, este estado mediúnico era um meio para alcançar outros estádios de perceção e de sensibilidade".

"acho que há um cerco cada vez maior à alma, à interioridade, quase uma anestesia total. Antes, este cerco era feito através daquilo que nos era dado a ver, sobretudo através da televisão. Agora vivemos sob o jugo de todo este fantasma da insustentabilidade de um país, de um continente, de um mundo. O que nos resta? Não há tempo para preocupações mais humanas, mais interiores, mais cósmicas, para outras perceções, como Jim Morrison defendeu".


01/02/2013

Lincoln

Steven Spielberg 2012

Daniel Day-Lewis é de facto extraordinário assim como Lincoln também o parece ter sido.  Conto fantástico sobre fazer política partidária. O pragmatismo, dificuldade e dilemas interiores que verdadeiros líderes atravessam ao agir com, e sobre as pessoas e o mundo à sua volta.  Tantas histórias e piadinhas conta o senhor.

Skyfall 007

Sam Mendes, 2012 "You weren't expecting an exploding pen were you Mr. Bond?," pergunta o jovem Q. Cumpre as expectativas de 007, subvertendo algumas das pequenas repetições das últimas décadas e tendo em Javier Bardem um dos melhores vilões de sempre. Pena ele ter tirado aquela estrutura interior apenas uma vez. E as motas nos telhados, um nada demais.