19/01/2015

Ser grande

Esta tarde por volta das 1530, quando descia de bicicleta pela Avenida da Liberdade, o taxista da viatura 29-76-NS encostou desnecessariamente o seu taxi à minha bicicleta, esbracejando. Eu estava à espera de um sinal verde mas, naturalmente, guardava distância da viatura à minha frente que, por coincidência, era um táxi, encostado, a recolher um passageiro. 

O senhor taxista  da viatura 29-76-NS queria que eu tivesse arrancado mais rápido, irritou-se. Eu fiz sinal para ele me ultrapassar, o que ele fez bruscamente, insultando-me.

"-Assim nunca hás de ser grande", disse, além dos insultos, referindo-se ao meu manifestamente pequeno velocípede. Apesar de, aparentemente, atestar à sua grandeza corpórea, esta é uma conduta distante do que eu espero de um profissional. Deixa mal a sua empresa e a sua profissão.

18/01/2015

Inquietude

Manoel de Oliveira, 1998

Três fábulas a mostrar como Manoel de Oliveira vive esta comédia humana em seu torno.
A morte e as mulheres e o magnetismo entre eles. A loucura da imortalidade, que apenas a morte oferece.
Manoel de Oliveira tem os dedos dourados, é um eterno bruxo do cinema.
Ah, e dança, se dança.

"A felicidade é um detalhe"
"Estamos mecanizados, somos quinquilharia ambulante"

17/01/2015

Nightcrawler

Dan Gilroy, 2014, com Jake Gyllenhaal

Alucinado e intenso, Jake Gyllenhaal faz o filme. É interessante, ainda que talvez caricature a sua relação com a editora do canal regional de televisão. Lou Bloom é o exagero de um monstro moral que por vezes domina a dinâmica das notícias. Um monstro que não é mais que um lado mais sombrio da natureza humana, seu voyeurismo e fascínio pela violência, crime e ódio. A desgraça dos nossos pares vende. O ilusório mundo corporativo de Bloom, a sua visão, perversidade e fácil descartamento do que para ele trabalha, como ferramenta, é provavelmente mais real e disseminado do que nos apercebemos.