12/02/2017

La La Land

2016, Damien Chazelle
com Ryan Gosling e Emma Stone

Não é material de 14 nomeações para óscar, mas é divertido e as 'minhocas de ouvido' instalam-se em nós irremediavelmente. Saudosista e respeitoso ou leviano e superficial? Não sou adepto de musicais, mas justifica o bilhete.

A noite da iguana

Tennesse Williams,
Encenador por Jorge Silva Melo, 18 Janeiro 2017
com Nuno Lopes, Maria João Luís e Joana Bárcia

Quando alguém constrói uma obra de arte sobre a qual fala durante o tortuoso processo, o interlocutor vai imaginando algo. Por vezes a criação é um mundo paralelo ao imaginado, com toques em comum, mas muito diferente. Como gémeos falsos. A iguana foi liberta sublime e cansada, destruída e destituída, a sentir saudade da prisão antes mesmo de a abandonar. Ou será que nunca abandonou essa corda que a fixava no lugar? Por fim, a iguana odiada, réptil, encontra lugar para si, liberta. Fiquei com a leve sensação que sim.

Ama San

Claudia Varejão, 2016

Aquela delicadeza é enganadora. As elegantes mariscadoras/pescadoras são muito mais do que isso: atletas do Olimpo na água e na família. A Claudia pintou um quadro notável noutra língua, noutras cores, noutro quadro mental, noutro universo.
Gosto da cena do jantar colectivo, do jantar solteiro, do fogo de artifício, do pano branco antes da máscara, dificílimo de dobrar, qual origami, cuja razão de ser não percebo, apenas a beleza.

I, Daniel Blake

Ken Loach, 2016
com Dave Johns

Um grito emocionante de revolta. O homem perdido, mastigado nas engrenagens de uma política burocracia contemporânea, se é que esta alguma vez não foi política. Tantas e demasiadas vezes a faltar a humanidade básica. As pessoas fazem a diferença nos postos que habitam, independentemente, até certo ponto, das regras que os envolvem. Que herói e que choradeira, mas só mesmo no fim. Os trabalhadores do centro de emprego de Newcastle não gostaram, dizem não reflectir de forma precisa a realidade. Ken Loach afirma o contrário.

05/02/2017

Rogue One: a Star Wars story

Gareth Edwards, 2016
Com Felicity Jones

Espectacular e muito satisfatória destruição de uma enorme nave em pequeníssimos pedaços. Primeira parte aborrecida. Segunda bem boa. Visualmente, muito respeitador dos clássicos, basta olhar para os uniformes do Império.O cenário tropical agrada-me e, dentro da enorme fantasia, ata pequenas mas importantes pontas soltas da trilogias de 77-83 que pareciam ilógicas e tontas.

Lo and Behold, reveries of the connected world

Werner Herzog, 2016

Premonitório? Interessante. Num tom seco e irónico, Herzog leva-nos à volta do mundo para visitar as encruzilhadas da tecnologia. Uma máquina que lê pensamentos? Pessoas alérgicas à tecnologia, às ondas dos telemóveis? Exploramos o primeiro computador da rede internet, de resistência militar. Uma louca família atacada pela turba das redes sociais, porque eram ricos, tinham um Porsche? Nem sei. E a parte boa: os habitantes do planeta a encontrarem a cura para uma doença através de um jogo em rede.

Life Itself

2014, Steve James
Roger Ebert, Gene Siskel

Maiores inimigos, odiados rivais, as circunstâncias forçaram-nos a sentarem-se lado a lado para conversar sobre uma paixão comum: o cinema. Ao longo dos anos evoluem do despreco para um respeito mútuo muito escondido e por jfim para uma profunda amizada e até amor. Duro, terno e belo.