08/12/2013

Corrida dos descobrimentos

De volta aos tempos mais decentes abaixo dos 50 minutos depois de um par de semanas bem preparadas. Nunca corri com tanto frio mas estava bem equipado para a ocasião. O nevoeiro Sebastianista e a sombria atmosfera até se adequam bem ao tema da corrida e, em restrospectiva, até foram agradáveis.

O percurso foi interessante. Quase sempre plano com excepção de uma longa e dura subida inicial pelas traseiras dos Jerónimos. O encontro ocasional ficou 4 segundos à minha frente na sua estreia mas faz parte. Estou mais próximo de voltar a quebrar recordes pessoais e  inspirado para me inscrever para a aventura da meia maratona em Março.

Avizinha-se um hiato de corridas, vamos ver se os treinos não param.

Corrida dos Descobrimentos, 48.28 minutos 
Posicao 193 de 1015

Corrida do Sporting

1 Dezembro 2013

Se calhar foi por ser a do Sporting mas foi a minha pior corrida até ao momento. Num ponto mais baixo de forma por um misto de incapacidade de treinar por trabalho, compromissos e frio acabei com um tempo abaixo do desejado.

Ainda assim, foi positivo voltar ao alcatrão e divertido ver o adepto do Benfica com olhar desaprovador no topo de um dos túneis quem vai para o Saldanha. Frio.

10ks
Lugar Geral 1964 de 6000
Tempo Chip 53.34

EDP Family Run Porto


3 Novembro 2013

Sangue, suor mas nem uma lágrima. A primeira fora de Lisboa e a primeira de 16. Foi também a primeira vez que corri em 'equipa' durante uns quilómetros, 12.5 para ser mais preciso. A partir daí tive de abrandar. Não foi nada específico, um misto de incapacidade aeróbica com musculos cansados. Mas foi a respiração que me denunciou.

Dose suficiente para causar receio mas um verdadeiro prazer de correr, um percurso relativamente fácil, num dia fresco mas agradável e com moldura humana inesquecível.

Por um lado aguçou o apetite para a meia, por outro aquela placa que se viu do canto do olho, do outro lado da estrada la para o km 10 fez pensar: como é possível? Na placa lia-se: km 42.

16ks

 TEMPO OFICIAL 01:26:22 
TEMPO LÍQUIDO 01:21:46 
RITMO 00:05:2 3 
Posicao 736 
Posicao escalao 168 
CHECKPOINT 10KM 00:53:28

06/12/2013

Corrida Montepio

27 Outubro

Na manhã depois da TSF runners, o corpo dorido exigiu que esta fosse mais para disfrutar, sem forçar. E o tempo nem foi mau, além de que serviu para marcar o ritmo do maior desafio que vão ser os 16 km EDP no próximo fim de semana no Porto.

Por ser uma mega corrida de 7,000 participantes, fui apanhado desprevenido sem bengaleiro e de grande saco na mão. Resultado, safei-me gralas à simpatia dos senhores do mini café de Belém, depois dos pastéis, do outro lado da rua. Lá foi uma notinha para a organização o providenciar para o ano.

10ks
52.52 minutos
Classificacao absoluta 1584 .º 
Classificacao escalao 434 .º 
5Km 00:28:17

Corrida TSF

26 Outubro 2013

Convencido à última da hora por uma das maiores entusiastas e propagadoras do bichinho de correr que andam para aí, foi uma experiência sensorial. Simpática pulseirinha azul abriu a porta a uvinhas e hidratação no build up enquanto se ouve o concerto we trust  de motivação.

Terminei três minutinhos atrás do gigante Carlos Sá, mesmo depois de ser obrigado a apertar os atacadores três vezes (agora sei o truque graças à internet). É para contar aos bisnetos.

Corrida TSF Dorsal: 1267 
Posição Geral: 195 
Escalão: M35 
Posição Escalão: 36 
Tempo oficial: 0:48:07 
Ritmo: 0:04:48 
Tempo liquido: 0:47:59 
Check-Point nº 1 - 5km: 0:23:25

Night Run

19 Outubro 2013

A esta fui sem chip mas, pelas minhas contas, foi o melhor tempo. Sei que foi assim para muita gente portanto não sei se o percurso seria ligeiramente mais curto ou as condições estavam mesmo ideais. Ou então se calhar não sou imparcial e este tempo estimado não deveria contar.  

Da viagem de autocarro de viseu para ver a Maria Rita, fui directo - quase - para o asfalto. A lâmpada para pôr na cabeça é uma boa ideia no papel mas é daquelas que, por isso mesmo, nunca deveria ter saído do papel. Só atrapalha.
Foi a primeira vez que apanhei os líderes no seu regresso. É um ritmo de outro mundo. Só dá para aplaudir e incentivar.

10ks
47.48 segundos

Corrida da água

13 Outubro de 2013

Acordado antes da hora de deitar da hora de deitar dos festivaleiros, foi um percurso solitário, sinuoso, mas não muito complicado aquele que percorri de autocarro até Monsanto, mais precisamente até à igreja do bairro da Serafina, apanhando o 727 e 702. As corridas Xistarca, esta pelo menos, são espartanas no melhor dos sentidos. Simples, no-nonsense.

Estrutura leve, com menos gente do que as blockbuster como a Corrida do Tejo e Montepio, mas bem organizada. No mais idílico dos cenários, enquanto enganava o frio da madrugada com um leve sol sentado a olhar para o mar de verde e ar puro, fui apanhado desprevenido pelo fumo do tabaco de um dos participantes, sentado mesmo ao meu lado. Porquê?

Grande velocidade a descer Monsanto até ao vale do aqueduto. Venci a mais íngreme subida de que tenho registo - a rua de Campo de Ourique - que condenou muitos a andar e depois muitos ultrapassei  no mais sublime dos finais de corrida: o kilómetro do majestoso e maçiço aqueduto das águas livres de regresso ao santuário de Monsanto.Ah, e depois fui beber uns copitos de vodka e comer caviar, tocando de surpresa à campaínha de uns amigos, como se fazia antigamente.

10ks
48.06 minutos 
Lugar 281 de 1173

25/10/2013

Corrida Destak

22 Setembro 2013

Calor demasiado abrasador para a segunda, chegada em cima da hora, estacionamento debaixo de um viaduto.Menos gente do que na do Tejo e mais pros, muito mais pros. Chega-se em estilo e sofrimento a Cascais, com muitas bandas, barracas, agitação um weetabix seco que irá surpreender e mudar a vida no futuro e a bela da banda energética. Ah, e distribuiram garrafinhas de água com com o símbolo do PS para a campanha das autárquicas. A organização não gostou.

10ks
Carcavelos a Cascais
48.35 minutos
Classificação 436 de 2521

Corrida do Tejo

15 Setembro 2013

Uma primeira vez inesquecível à beira do enorme espelho do Tejo, sob calor considerável e na melhor das companhias. Entusiasmo e nervoso miudinhos, um discuso assobiado de Isaltino junior, ultrapassagens na margem tal era o mar de gente: 10,500.

O amigo rival da fita de suor escapuliu-se rápido mas aprendeu uma memorável e dura lição: não subestimemos os competidores, não deixar nada do que temos por dar. Claques, música, um pronto socorro fotografado mentalmente na última rotunda e uns bons minutos à espera nas Toi Toi. Sempre a ultrapassar, conseguiu-se um tempo surpreendentemente bom e o vício instalado.


10 ks
Tempo: 50.40 minutos
Posição: 2,380 de 10,500

Casa da Dízima

O puré de castanha e batata é inesperado mas encaixa como peça de puzzle compatível com o medalhão de novilho e um Pedra Cancela reserva.

Ultra delicadas e graciosas, o creme de santola refinado e o crocante de alheira com gema de ovo a baixa temperatura, fazem uma composição de obra prima. O carpaccio de ananás caramelizado rematou para golo um inesquecível jantar.

Rua Costa Pinto, 17
2770-046 Paço de Arcos
http://www.casadadizima.com/

21/10/2013

World War Z

Marc Forster, 2013, com Brad Pitt

Zombies, uma porrada deles, a fazer montanhas e a correr bastante rápido. Não sou o maior fã do mundo de zombies mas confesso que até gostei deste, cheio de ritmo, uma história vagamente interessante mesmo que muito linear com o auge numa bela passagem em Israel. Visualmente espectacular, como se quer.

Pacific Rim

Guillermo del Toro, 2013 com Idris Elba, Charlie Hunnam

A homenagem à cultura Japonesa é óbvia mas peca pela referência do robot nuclear como o elemento de salvação. Batalhas fulminantes e belas entre dinossauros gigantes e mega robots que compensam todos os clichés habituais destes filmes e mais alguns.

Animal Kingdom

2010, David Michod, com James Frecheville

O mal genético que perpassa da avó para os netos e entre eles estranhas formas de punição e vinganças, muitas vinganças, as expressões mais perfeitas do ódio. Assassinatos e violência espaçada mas aguçada e surpreendente. E uma óptima história.

20/10/2013

Oriental 1 Académico de Viseu 1 (3-5 pen)

3a Jornada da Taça de Portugal MARVILA, Out. 20 - O Académico de Viseu empatou no último lance da segunda parte e depois manteve o sangue frio nos penalties para quebrar uma bem organizada formação do Oriental, num intenso embate da III jornada da Taça de Portugal este Domingo.

Os Viseenses chegaram sob pressão ao Estádio Engenheiro Carlos Salema - penúltimos na Segunda Liga e com a figura principal, o central Claudio, ainda de fora lesionado.  

Como era sua obrigação, o Académico começou controlador, com mais posse de bola do que os da casa, actuais terceiros classificados da Série G do campeonato nacional de séniores.

Porém, com Ouattara e Luisinho nas alas e o ponta de lança Diogo Alves algo solitário, criaram poucas chances na primeira parte, à excepção de um livre de Leonel.

“Mais que um clube,” lê-se na cobertura do Estádio do Oriental, o mesmo lema que está gravado na casa do Barcelona em Camp Nou.

A imagem de marca do Oriental pode não ser o ‘tiki taka’ de ‘La Masia’ mas os blaugrana de Marvila foram sempre uma equipa muito aguerrida e aplicada que, com uma eficaz pressão alta, deram pouco espaço ao meio campo Academista.
 
E foram recompensados cinco minutos antes do intervalo, num contra-ataque veloz. Sebastião Nogueira puniu um mau alívio de cabeça da defesa do Académico com um irrepreensível volley de primeira para o 1-0.

Insatisfeito, o treinador Filipe Moreira substituiu Ouattara e Capela por Marco Lança e Zé Rui no intervalo e na segunda parte só deu Académico, que se instalou definitivamente no campo do adversário.

Luisinho destacou-se, disparando com estrondo contra a trave e um pouco depois contra o poste.

Num lance que simbolizou o espírito guerreiro do Académico, Bruno Loureiro, ao tentar manter uma bola bombeada dentro das quatro linhas, embateu sonora e violentamente contra o muro de betão que se encontrava a um metro de distância das linhas laterais.

Apesar da preocupação geral, Loureiro recuperou depois da assistência médica e lá conseguiu terminar a partida.

O Oriental manteve a disciplina táctica durante todo o jogo e parecia encaminhado para a vitória quando, com o cerca de um milhar dos seus adeptos de pé prontos a celebrar a qualificação, o Académico ganhou um livre perigoso à entrada da área já em tempo de desconto profundo.

Cafu foi o herói quando atacou a bola e chegou primeiro a uma defesa incompleta do guarda redes do Oriental Marco Botelho, empurrando à boca da baliza para a loucura dos jogadores e do banco do Académico.

A partir daí, o sangue aqueceu numa agradável tarde de Outono num recinto que oferece uma picturesca vista sobre o Tejo.

Carlos Alves do Oriental levou vermelho directo por protestos depois do empate e nos primeiros instantes do prolongamento Zé Rui também foi expulso por uma alegada cotovelada, ficando 10 contra 10 na última meia hora.

O Oriental pressionou mais nos últimos minutos, desperdiçando vários cantos e um golo fácil por intermédio de Mauro Bastos.

O possante avançado de 34 anos aproveitou uma infantilidade da fatigada defesa do Académico, ganhou três ressaltos consecutivos, e apareceu cara-a-cara com o guarda redes Ricardo Janota mas rematou fraco e à figura, para desespero total dos adeptos da casa.

Ainda estava a multidão de mãos na cabeça quando soou o apito a anunciar as penalidades.

Com todos os jogadores abraçados ombro-a-ombro no meio campo e com o Oriental a enviar o primeiro penalty contra o poste, os Academistas fizeram um trabalho irrepreensível da marca de nove metros.

Destaque para o defesa esquerdo Marco Lança que não marcava um golo desde os juniores e celebrou o seu penalty de forma peculiar, parando e erguendo os dois braços em jeito de desafio, como que anunciando a estocada final que aí vinha.

Foi João Martins, que lutou muito no meio campo durante todo o jogo, que a desferiu, dando alas à correria, aos abraços e à festa. Esqueçam as noites de Champions, o futebol é taça.

19/10/2013

Sangue do meu sangue

João Canijo, 2011, Midas filmes, com Rita Blanco, Anabela Moreira, Cleia Almeida, Nuno Lopes, Rafael Morais

Genial e vívido retrato de uma Lisboa lateral, pobre e intensa. Uma tragédia Grega com o pano de fundo ultra-realista de Carnide e uma estranha e alargada família que vai tentando manter o curso no início da segunda década do milénio. Fantástico.

Super Size Me

Morgan Spurlock, 2004

Este exercício aterrador entretém e o resultado nunca poderia ser bom. Por muito exagero ou até alguma manipulação que possa ter sido feita, são trabalhos importantes para melhorar, questionar e desafiar o impacto na nossa vida de tão omnipresentes multinacionais como a MacDonalds.

17/10/2013

Blue Jasmine

Woody Allen, 2013, com Cate Blanchett, Alec Baldwin

Adoentada e retorcida por uma grupo de pessoas nepotistas que usam os outros e os descartam quando já não precisa deles, Jasmine é mais uma neurótica alter ego de Woody Allen. Ela acaba por não aguentar as suas próprias mentiras, criadas ao tentar proteger-se da confusão da vida, criações que não sei se podemos condenar.

05/09/2013

Missangas

João Afonso, 1997, Mercury Records, Polygram
Produção de Júlio Pereira, Management - Vachier e Associados

Sobrinho do grande Zeca, gosto de 'Na Machamba' mas, apesar da música do carteiro em bicicleta ser alegre e animada, temo que no conjunto o álbum seja um nada lamechas. Agora que é boa música Portuguesa, é.

The reminder

Feist 2007, Polydor - Universal Music label
Recorded at La Frette Studio, France in March 2006

Energia intercalada de melancolia e romantismo sofisticado. A voz delicada mas assertiva de Feist cose intricadamente as linhas que nos atravessas os dias e aquela zona entre o coração e o pescoço.

02/09/2013

Embroideries

Marjanne Satrapi, 2006

Oferece um engraçado inside-view do que significa ser mulher no Irão nos dias de hoje e como compara com tempos idos. Vemos as faces da mentalidade que viram com os anos e as que se mantém imóveis. Ainda assim, em escala e profundidade, o esforço é pálido comparado com a sua obra de arte Persépolis.

O capital

Costa-Gavras 2013, com Gad Elmaleh

Uma história de luta de egos, manipulações e jogadas baixas no alto mundo da finança. Entretém como novela, nada de muito surpreendente ou de abrir o olho.

Peca por falta de capacidade de revelar algo novo ou mostrar realisticamente as dinâmicas nos altos círculos dos banqueiras que são de certo mais complexas e recheadas de nuances. Mais vale ver ou ler 'Too big to fail'.

A gaiola dourada

Ruben Alves, 2013

Tenho pena mas, mesmo que não ache que seja mal intencionado, o filme falhou em fazer justiça aos bonitos clichés dos nossos emigrantes. A caricatura era necessária à comédia, compreendo, mas exagerou. A história até se estrutura de forma interessante e é de enorme potencial mas os pormenores e alguns momentos de estranhos gags deixam-nos mal. A do tupperware pelo menos. E o Pauleta? O que é aquilo?

I am the secret footballer

Lifting the lid on the beautiful game - Guardian Books, 2012

Inesperado e fresco. Escrever sobre futebol resulta, na maior parte das vezes, num produto pré-empacotado e pouco emocionante. Recheado de clichés rígidos, conformados à geometria das linhas daquele rectângulo. Este místico jogador da Premier League é uma versão do 'the stig' do Top Gear que me agrada bem mais.Quem será aquele jogador do Barcelona em Las Vegas? Destapa um mundo maravilhoso e aterrador nos bastidores do desporto rei do qual suspeitamos mas nunca imaginámos.

23/07/2013

Party

Manoel de Oliveira, 1996

Guerra de sexos amarrados, a traição do coração discutida aberta, descarada e racionalmente. Em quatro. O sedutor que o faz levianamente. As deslocações em dois para uma sala ao lado, para um lugar ao lado para explorar a possibilidade de executar.  A dificuldade ou até a impossibilidade da constância do amor.

Acaba com a cobardia de não querer mudar nada, com a chuva a molhar a possibilidade da aventura, com tudo na mesma, com os 5 anos amarrados ao que já eram.

Once upon a time in America

1984 - Sergio Leone, com Robert De Niro, Jennifer Connelly, James Woods, Joe Pesci

Uns Estados Unidos de texturas, gangsters e viragens inesperadas nas atitudes e relações. A lei seca provocou loucura, ódio e iguais doses de lealdade e traição.

21/07/2013

Lisa Ekdahl sings Salvadore Poe

Lisa Ekdahl singing Salvadore Poe's writing and guitar, 2000 -
RCAVictor, BMG (Sony)

Está cheio de sol esta coisa. De conteúdos quase farmacêuticos que limpam e descongestionam. É um pedaço quente de jazz bem disposto.

14/07/2013

Anima Sana

Num calor tórrido, enganou-se nas sapatilhas. Alterou-se o plano. A viagem fez-se antes. Até à anima sana in corpore sano não se chega pelo caminho mais curto. Acaba-se numa zona de blocos industriais e residencias abandonados, ladeados por casinhas de lata. Por fim, o muro amarelo e a ponte gigante, o lugar do arco lá ao fundo.

Fala-se de férias e de excessos de zelo. A escolha é óbvia e para ser imediatamente testada, devorada, glorificada. Numa brasa de meia noite, a dôr, a fraqueza a sair do corpo custa. Mas a recompensa é estranha e sublime. Leve como uma pluma, estável como um cometa.

Noutro serão, um nevoeiro quente embateu-se sobre o Tejo e a nova velocidade deixa os perfumes e saltos altos desconfortáveis a deslocar-se a ritmo aborrecido de caracol. O objectivo é distância irrespectivamente da velocidade. Para além das matilhas ocasionais de ciclistas-coruja, e tendo em conta a grande quantidade de gente que por ali vive, há poucos que disfrutam daquele lugar óbvio. Os que o fazem paracem casais distraídos.

Numa outra manhã o caminho é ocasionalmente perfeito. E um futuro ideal imaginado cumprimenta-nos no caminho. A rua é o nosso ginásio.

Bike snob

Eben Weiss, 2010 - Chronicle Books
Christopher Koelle illustrations

Cáustico e divertido manifesto que nos inspira a andar de bicicleta. Inteligente e acessível mesmo para o maior dos amadores, desde que ame.

Cycle tracks will abound in utopia. H. G. Wells.

It comes with four cool stickers.


24/06/2013

Invisible Cities

Italo Calvino, 1972, Published by Vintage, Random House group, in 1997

Food for thought? Food for imagination and food for creation. Inspirador para viajar por terras e países mas também para viajar parado, pelos ninhos onde nos vamos instalando. Cada cidade é única mas ao mesmo tempo universal. Dá vontade de fechar os olhos e sonhar com elas.
Algumas passagens favoritas:

Page 77 Baucis: There are three hypotheses about the inhabitants of Baucis: that they hate the earth; that they respect it so much they avoid all contact; that they love as it was before they existed and with spyglasses and telescopes aimed downward they never tire of examining it, leaf by leaf, stone by stone, ant by ant, contemplating with fascination their own absence.

Page 82 Marco Polo describes a bridge, stone by stone.
"But which is the stone that supports the bridge?" Kublai Khan asks.
"The bridge is not supported by one stone or another," Marco answers, "but by the line of the arch that they form."
Khan reflects and then adds: "Why do you speak to me of the stones? It is only the arch that matters to me." Polo answers:"Without stones there is no arch."

Page 87 Memory's images, once they are fixed in words, are erased."

Page 95 Adelma: You reach a in life when, among the people you have known, the dead outnumber the living. And the mind refuses to accept more faces, more expressions: on every new face you encounter, it prints the old forms, for each one it finds the most suitable masks.

Page 98 "This is what I wanted to hear from you: confess what you are smuggling: moods, states of grace, elegies"

Page 114 Leonia: So you begin to wonder it its true passion is really, as they say, the enjoyment of new and different things, and not, instead, the joy of expelling, discarding, cleansing itself of a recurring impurity.

Page 139 Until every shape has found its city, new cities will continue to be born

Page 165 The inferno of the living is not something that will be; if there is one it is what is already here, the inferno where we live every day, that we form by being together.There are two ways to escape suffering it. 1. accept the inferno and become such a part of it that you can no longer see it. 2 The second is risky and demands constant vigilance and apprehension: seek and learn how to recognize who and what, in the midst of the inferno, are not inferno, then make them endure, give them space.

23/06/2013

Rosencrantz e Guildenstern estão mortos

22 Junho de 2013, Centro Cultural de Belém
Tom Stoppard, Encenação de Marco Martins
Com Gonçalo Waddington,  Nuno Lopes, Bruno Nogueira, Beatriz Batarda, Romeu Costa

Teatro nu, cru e fácil de gostar, apreciar. Deitam cá para fora as entranhas do coração e da cabeça do que é ser actor. Um trabalho de endurance física e intelectual notável, minucioso. Teatro é uma das beaux arts por uma razão e aqui esteve no seu melhor. Porque não apostar mais claramente e prolongadamente nestes trabalhos que valem por si e enchem salas num estalar de dedos?

Lore

2012, Cate Shortland, com Saskia Rosendahl

Há quem diga que todos os filmes sobre a segunda guerra mundial são bons. Exagero, decerto, mas este é interessante. A dolorosa e poucas vezes contada perspectiva do lado de quem perdeu a guerra, sem glorificar o nazismo, a fuga de Lore e seus irmãos lá acaba por ter sucesso, ou talvez não.

Now you see me - Os ilusionistas

2013, Louis Leterrier

Um Oceanselevenzinho que entretém. Fórmula testada que não deixa de funcionar. Chapeu para aquele primeiro truque da carta 7 que funciona mesmo.

Deram-nos limões com notas dentro na ante-estreia e a Cinha Jardim expôs o truque ao Luís de Matos. Esqueceu-se de puxar os pés falsos para dentro antes de sair no truque em que se entra para a caixa mágica.

O Convento

Manoel de Oliveira, 1995, com John Malkovich, Catherine Deneuve, Luis Miguel Cintra, Leonor Silveira

Padovic (Malkovich) perde-se nos livros e impossível investigação assim como na doçura da assistente Piedade. Distrai-se enquanto o sombrio Baltar teça uma teia em volta da mulher Héléne que acaba por o apanhar a ele próprio.As pistas estão nas referências ao Fausto de Goethe.

05/06/2013

Looking for sugarman

Malik Bendjelloul, 2012
Uma história surpreendente, superiormente contada. O estranho Rodriguez permance estranho até ao final mas aquela voz e, acima de tudo, aquele mistério são qualquer coisa. 

Como ele não se tornou um hit mais cedo, nem sequer com um one-hit-wonder, permanecerá para sempre uma incógnita. E que grande escritor.

14/05/2013

Os amantes passageiros

Pedro Almodovar, 2013

Trip desconcertada de uma viagem histérica com histórias deconjunturadas. Vê-se, mas o trailer é bem melhor.

É o amor

João Canijo, 2013, com Anabela Moreira
Midas filmes

A actriz não é muito interessante mas faz de nós, de intrusos num mundo que não é o nosso. Foto bem nítida, crua e não demasiado romantizizada e exagerada da vida de uma família de pescadores das Caxinas. Têm iPads, carros bons e noites duras de trabalho no sal, carrinhas e caixas de peixe. E a segurar tudo isto: as mulheres.

Monsieur Lazhar

2011, Philippe Falardeau, com Mohammed Fellag

Gostava de ver noutros sítios que não só no Canadá o recrutamento de professores por entrevista e mérito. E o professor Lazhar, ao seu jeito, teve todo o mérito em ser contratado. Excelentes míudos-actores.

A melhor oferta

2013, Giuseppe Tornatore, com Geoffrey Rush

Pronto, ela lá me enganou como fez a ele. Sim, é o cliché do homem venerado e arrogante que é um sentimentalão solitário. Mas até funciona.

Gli Equilibristi

Ivano de Matteo, 2012

A avalanche de coisas é tanta que Giulio, funcionário público de um guichet de uma repartição, com dois filhos e uma casa alugada, de súbito precisa de aprontar um segundo emprego em que acarta caixas de legumes pela noite dentro. Com a separação, os encargos são cada vez mais.
Não sei se é verosímel que ele esconda tudo de todos até ao extremo de dormir num carro debaixo de uma ponte. Agora que a crise come boas partes da vida de muita gente, come.

28/04/2013

Extremely loud and incredibly close

2012, Stephen Daldry, com Tom Hanks

Um miúdo detective viaja por Nova Iorque em honra da memória de um pai exageradamente espectacular desaparecido no 11 de Setembro. A aventura de Oskar Schell, autista, é universal na luta por dar sentido a um mundo confuso e barulhento.

In the land of blood and honey

2011, Angelina Jolie

Violento e desagradável mundo aquele que corrói até a mais genuína historieta de amor. Gente sombria aquela da guerra dos Balcãs.

14/04/2013

Raso como o chão

Ana Deus e João Sousa Cardoso, Teatro Viriato, 9 Março 2013
A partir da obra homónima de Álvaro Lapa

Uma cantora e um palestrante para mergulhar na vida de um Alentejano que pensou e desafiou as convenções da arte e aprendizagem. Desalinhado, autodidacta, desconfiado do "bem feitinho", bom feitio e academismo.

La delicatesse

David Foenkinos, Stephane Foenkinos, 2012

Somos arrastados para a compaixão pelo estranho e tímido Markus. História de amor improvável e engraçada mas sem exageros nem enjoos lamechas
.

Withnail and I

Bruce Robinson, 1987

Alucinante, desconcertante, tragicómico e espanpanantemente teatral. Nascido de uma trip de álcool, drogas e fatalidade. Dois amigos e um mundo cruel de que se escapa para o campo que guarda medos e ansiedades igualmente aterradoras. Withnail and I quase cria um genre de tão original. Uma viagem homeriana virada ao contrário: pervertida.

Side effects

Steven Soderbergh, 2013

Excedeu largamente as expectativas de um thriller pouco convidativo de aparentemente tão banal. O filme está longe disso. Soderbergh testa-nos numa reflexão sobre o que é a mentira. No seu uso, aplicação e identificação. Fiquei impressionado com o trabalho da actriz principal Rooney Mara e agradado com o de Jude Law.

Django Unchained

Quentin Tarantino, 2012, com Christoph Waltz, Jamie Foxx, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson

Mais um docinho narrativo de Tarantino. Divertido, aliciante e cheio de ritmo. Responsável por um dos poucos justos óscares de 2013, o de Christoph Waltz para melhor actor secundário. O seu carisma, cuidado na dicção das palavras e finesse são gigantes- E DiCaprio não está nada mal também.

Zero Dark Thirty

Kathryn Bigelow, 2013

Misteriosa e fascinante esta olhadela irresistível para dentro de um mundo - mais ou menos ficcionado -  de algumas das pessoas que durante tantos anos estiveram no encalço do homem mais procurado do planeta. Mostra o papel da tortura, a assimetria da guerra, violência e vingança em larga escala.

28/02/2013

Hitchcock

Sacha Gervasi, 2012, com Anthony Hopkins

Põe deliciosamente a nú o frágil e maníaco Hitchcock na sua vida privada e dificuldades do processo creativo.  Easywatch.

Wreck-it Ralph

Rich Moore, 2012

A ideia é óptima mas não cumpriu com as expectativas do início.
Eu não conhecia o Ralph e faltou uma presença maior dos ícones do final dos anos 80 e início dos 90. A cena dos vilões anónimos é excelente.

Bestas do Sul Selvagem

Benh Zeitlin, 2012, com Quvenzhane Wallis

Ela é fofinha mas não me consigo deixar convencer que os javalis eram necessários. Aqueles instrumentos, jangadas, casas, camas, cozinhas e desarrumações são obras de arte.