27/02/2010

Men who stare at goats

Grant Heslov, 2009

Alvamenta 27 Fev (Viseu) - Odisseia "homeriana" desorientadora. Destaque para o rejuvenescimento capilar de George Clooney, a voz esganiçada do mediador espiritual de Kevin Spacey, para o deserto e para o estranho nonsense que nos apresenta.

21/02/2010

O Padrinho - parte três

Francis Ford Coppola, 1990


O desvanecer de Michael Corleone, um reflexo da própria fase da vida do realizador, segundo Coppola. "In playing myself I disappointed my audience", disse o realizador. Michael é castigado pelo demónio em que se transformou, aparece vulnerável, "uncool". Da minha parte, é um epílogo muito bom para uma das melhores sagas da história do cinema.

20/02/2010

Haruki Murakami: Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo

2007, 1ra edição em Português 2009 - Casa das Letras - Leya

2010 - Easy-digest e limpinho. Livro para desfrutarmos das reflexões básicas mas não menos profundas que atravessam Murakami enquanto corre, ou depois disso. Engraçado que ele olha para o exercício físico e o trabalho do corpo como essencial para escrever melhor e combater ou compensar o caos e processso destrutivo essencial à arte da escrita. 

Reli em Agosto de 2013 quando começei a correr mais regularmente.

Textos soltos e genuínos  sobre como é viver a correr e a escrever. A dança constante entre corpo e mente, e o prazer das longas distâncias. Tão efémeras como dolorosas e irresistíveis.

Pedaços:

Somerset Maughan escreveu uma vez que até no gesto de fazer a barba existe algo de filosófico. Por mais anódina que uma operação possar ser, pelo simples facto de se repetir todos os dias, vezes sem conta, produz uma espécie de beleza contemplativa.

Considero-me uma pessoa lenta e meticulosa, e , na medida em que sinto dificuldade em aprender seja o que for sem antes traduzir por escrito os meus pensamentos, vi-me obrigado a passar ao papel.

A dôr é inevitável mas o sofrimento é uma opção.

Corro, só isso. Corro no vazio. Dito de outro modo: corro para atingir o vazio. No entanto, há sempre um pensamento ou outro que acaba por se introduzir nesse vazio. O espírito humano não pode ser um vazio completo. As emoções dos homens não se revelam suficientemente fortes ou consistentes, ao ponto de albergarem o vazio. Quero com isto dizer que os pensamentos e ideias que invadem o meu espírito enquanto corro permanecem subordinados a esse espaço oco.

Não existe no mundo real nada que se posssa comparar em beleza às ilusões de um homem em risco de perder a razão.

O Padrinho - parte dois

Francis Ford Coppola, 1974


Transpira tanto trabalho, a tantos níveis este filme. O esforço de precisão e exactidão histórica nos lugares, em que Coppola foi buscar fotos antigas e recreou cenas da segunda década do século XX , impressiona-me particularmente. Assim como a narrativa que salta entre essa década e os anos 50 da família Corleone.

Foi pena Marlon Brando não ter aparecido naquela cena final mas tanto Al Pacino como Robert De Niro fizeram um trabalho fora de série.

16/02/2010

O padrinho


Francis Ford Coppola, 1972


Um clássico não é verdade?Com toda a justiça. Revi com os comentários de Coppola. É delicioso perceber um pouco mais sobre as novelas por detrás do filme (Coppola esteve perto de ser despedido), sobre as partidas que Marlon Brando fazia, os ajustes ao livro de Mário Puzo e vir a saber que o sobrinho de Michael (Al Pacino), baptizado numa das mais intensas encadeações de cenas do filme é, na verdade, Sofia Coppola em bébé.

As pontes de madison county

Clint Eastwood, 1995


História bem encadeada, fotos decentes de poucos lugares e poucas pessoas. Ficamos isolados com Meryl Streep e Clint Eastwood a fazerem um par estranho mas engraçado.

12/02/2010

Blowup

Michelangelo Antonioni, 1966


Uma viagem surreal pela mente e máquinas de um fotógrafo errático e intenso, pelas muitas mulheres que atravessam a sua vida e por um misterioso assassinato.

Um filme sobre fotografia, para quem gosta de fotografia e, nem de propósito, para me repetir, com uma sublime fotografia ele próprio. O fim deixou-me um pouco perplexo.

Invictus

Clint Eastwood,2009


Uma das minhas pequenas histórias favoritas de sempre chega ao cinema. Ficou 'americanizada' neste filme mas pronto, é uma história que logo me fascinou quando me foi contada, na minha descoberta da África do Sul. Nada tem de outro mundo e ao mesmo tempo tem tanto de gigante. Deixou-me a sentir a falta daquela terra e de todas aquelas gentes tão fortes e intensas.

07/02/2010

Tindersticks

Centro Cultural Olga Cadaval, Sintra, 5 Fevereiro 2010

Uma voz perfeitamente fora de série a de Stuart Staples. Rodeado por quem não o deixa mal. Todos a tratam, mimam e realçam. O concerto foi daqueles de pensar, sentar e carregar alma e baterias. Gostei da Olga Cadaval e do seu recanto de Sintra.