26/05/2009

Terra Sonâmbula


Mia Couto
Ndjira Editora - 2005, 5ª ediçao

Viagem onírica por duas histórias e dois grupos de pessoas e personagens que se unem no mesmo mundo. A força imperial e poderosa do "contar e ler histórias" mesmo nos momentos mais difíceis e de maior aperto. Ficam-nos o Tuahir, Muidinga e Kindzu. Deixo aqui as minhas passagens predilectas:

Eu me confortava: Nunca ninguém se tinha esquecido de nada por causa de mim.
17 A guerra é uma cobra que usa os nossos próprios dentes para nos morder. Seu veneno circula em todos os rios da nossa alma. De dia já nao saiamos, de noite nao sonhávamos. O sonho é o olho da vida. Nós estávamos cegos
31 Deixa a guerra, filho. A morte só ensina a matar.
Um regime só ganha validade, caro Estevao, é quando contra argumentos nao há factos
44 As ideias, todos sabemos, nao nascem na cabeça das pessoas. Começam num qualquer lado, sao fumos soltos, tresvairados, rodando à procura de uma devida mente.
74 Nao inventaram ainda uma pólvora suave, maneirosa, capaz de explodir os homens sem lhes matar. Uma pólvora que, em avessos serviços, gerasse mais vida. E do homem explodido nascessem os infinitos homens que lhe estao por dentro.
Em terra de cego, quem tem olho fica sem ele. O prometido é de vidro. O melhor da vida é o que nao há-de vir.
121 Nem isto guerra nenhuma é, isto é alguma coisa que nao tem nome. Antes fosse uma guerra a sério. Se assim fosse teria feito crescer o exército. Mas uma guerra fantasma faz crescer um exército fantasma, salteado, desnorteado, temido por todos e mandado por ninguém.

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