25/07/2010

O Barão Trepador

    Italo Calvino, 1957

    Palomar - Abril/Controljornal (2000)


    Cosimo não gostava dos caracóis por isso saltou da mesa de jantar e auto-exilou-se no cimo das árvores, para nunca mais voltar a tocar um pé que seja em terra. Agrada-me essa ideia, num livro em que Calvino depois se ocupa com imensos detalhes práticos de como ele se ia safando para além d euma extensa narrativa de incontáveis aventuras de Cosimo . Esta acaba por se tornar barão e vai sendo alternadamente olhado de lado, adorado, respeitado e até receado. Um pequeno exercício sobr eo que é a vida ideal e o significado das escolhas que vamos tomando ao longo do caminho.


    "- Oh, que jogos que vocês arranjam! - no mesmo tom de voz com que, quando éramos crianças, desaprovava sempre as nossas brincadeiras por serem demasiado fúteis e infantis. Mas agora, talvez pela primeira vez na sua vida, tinha real prazer em participar num jogo nosso. As bolas de sabão chegavam-lhe perto do rosto e ela, com um sopro, fazia-as voar para longe, e sorria. Por fim, uma bola de sabão chegou-lhe próximo dos lábios e não voou para longe. Inclinámo-nos para ela. Cosimo deixou cair a taça das mãos. Estava morta."

    "Não pode haver amor se não formos, cada qual, nós próprios, com todas as forças."

    "A loucura, no mal como no bem , é uma força da natureza, ao passo que a imbecilidade é uma debilidade dessa mesma natureza, sem contrapartida"

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