07/09/2014

A sombra do vento

Carlos Ruiz Zafón, Dom Quixote, 2004-2006

Brilhante desenvolvimento de personagens, especialmente de Julián Carax. As personagens e o mistério do puzzle vai sendo contado, desvendado do ponto de vista dos vários intervenientes num mistério passado e presente. Esta Barcelona mistura as distintas trevas de Fumero e Carax com a alegria e intensidade de Daniel e Fermín. Intrigante até ao fim.

96 "A televisão, amigo Daniel, é o Anticristo, e digo-lhe que bastarão três ou quatro gerações para que as pessoas não saibam nem dar peidos por sua conta e o ser humano regresse às cavernas, à barbárie medieval e a estados de imbecilidade que a lesma já ultrapassou lá para o pleistoceno. Este mundo não morrerá de uma bomba atómica, como dizem os jornais, morrerá de riso, de banalidade, fazendo uma piada de tudo, e aliás uma piada sem graça."

169 "O dinheiro é como qualquer outro vírus: uma vez podre a alma que o alberga, parte à procura de sangue fresco. Neste mundo, um apelido dura menos do que uma amêndoa coberta"

192 "Odestino costuma estar ao virar da esquina. Como se fosse um gatuno, uma rameira ou um vendedor de lotarias: as suas três encarnações mais batidas. Mas o que não faz é visitas ao domicílio. É preciso ir atrás dele."

221 "Às vezes Jacinta perguntava a si mesma se aquela paz sonolenta que devorava os seus dias, aquela noite da consciência, seria aquilo a que alguns chamavam felicidade.

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