22/11/2015

Norwegian Wood

Haruki Murakami
1987, 2004 Civilização Editora

A leve e profunda dôr da adolescência de Watanabe. Parece não ter família. Condena-se à divisão entre duas paixões, condena-as a elas, cada uma à sua maneira. Solitário, viaja até ao retiro da montanha para tentar salvar Naoko. Falha no fim, mas talvez tenha alcançado algo no processo, não tenho a certeza. Guarda-se a dolorosa e tímida beleza da empatia humana, em breves, efémeros momentos.

219 Diz-me uma coisa Watanabe, alguma vez viste um inspector das finanças? (...) Claro que as receitas são baixas quando não há lucros! Apetecia-me gritar: 'vá inspeccionar as pessoas que têm dinheiro!'Achas que a atitude do inspector se alteraria se houvesse uma revolução?

220 Por todo o lado pairava aquele cheiro especial de hospital. Uma nuvem de desinfectante, fragâncias dos ramos de flores das visitas, o cheio da urina e da roupa de cama.

223/230  - Como costumas passar o Domingo?
              - A lavar a roupa. E a passar ferro. Não me importo de passar a ferro. Há uma satisfação especial em engomar as peças e torná-las macias.

232 É bom quando a comida sabe bem. É quase como uma espécie de prova de que você continua vivo.

264 Os domingos de chuva são penosos para mim. Quando chove, não posso lavar a roupa, o que implica que não poderei passar a ferro. Não posso passear e não posso deitar-me no telhado. Fico praticamente limitado a pôr um disco a tocar em modo de repetiçao e ouvir 'kind of blue' outra vez.

312 Era como se escrevesse cartas para manter unidos os alicerces da minha vida a desmoronar-se,

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