12/01/2007


Nos últimos dias começei a admirar ruínas. As ruínas nas suas nuances e estórias que tantas vezes ficam por contar e por pensar. Sempre senti alguma admiração pelas potencialidades das pequenas coisas que são esquecidas, por espaços em vias de ser, por objectos a um passo da utilidade. Fascínio pela materialidade e estética do escondido, esquecido, por usar. Este fascínio, penso eu, vem da qualidade especial que estes amassos possuem que é a de alterar as condições de tempo e espaço. Ruínas paralizam o tempo, cobrem-no com um pó de gelo que lima as arestas da geometria que vieram substituir. Alteram os espaço, desordenando o antigo código cumulativo, trocando-lhe os valores da antiga lei da gravidade e dos pigmentos e convidando o explorador ao exercício original de perscrutação, leitura e interacção.

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